Figurinos desenhados por professora mackenzista brilham na estreia de “O Machete”

Nos palcos do renomado Theatro São Pedro, uma obra de arte única ganhou vida no mês de junho, marcando a estreia de “O Machete”, uma ópera inspirada na genialidade literária de Machado de Assis. Por trás dos deslumbrantes figurinos que compõem essa produção, está a professora de Design da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Juliana Bertolini. O trabalho destacou-se pela utilização de referências históricas, cultura têxtil brasileira e uma abordagem sustentável ao reuso de materiais, tornando esse projeto uma verdadeira celebração da arte nacional.

Para ela, seu diferencial é a preocupação com o impacto ecológico dos figurinos que cria. “Optei por reduzir o desperdício e reutilizar peças, fazendo do reuso uma abordagem criativa. Muitos dos figurinos surgiram a partir do acervo do Theatro São Pedro, reconstruídos e combinados com uma pequena quantidade de tecidos novos”, explica Bertolini.

Aprofundando sua busca por materiais sustentáveis, a designer incorporou o crochê e o tear, trazendo à tona uma identidade única e ecológica para a produção. “Na indústria da moda é muito comum o desperdício e o uso de forma não muito inteligente e sustentável dos tecidos. Por isso, mesmo desenhando e partindo de vários estudos psicológicos das personagens, eu fiz uma busca de tecidos que pudessem ser reaproveitados”, esclarece.

Ao ser questionada sobre os desafios enfrentados nos bastidores de seu trabalho, a designer comentou que foram os mesmos de qualquer outra produção. “Alinhar os desejos da produção, direção cênica, direção musical, cenografia e iluminação exigiu reuniões constantes, mas é um desafio que faz parte deste meio”, afirma Bertolini.

A mackenzista revelou que convites para projetos como “O Machete” geralmente surgem por meio de experiências anteriores e conexões na indústria. Seu vasto portfólio e dedicação ao longo dos anos foram fundamentais para a oportunidade de trabalhar nessa ópera inédita, criada pelo renomado compositor André Mehmari, a convite da diretora cênica, Julianna Santos.

Segundo Bertolini, os figurinos têm papel fundamental no entendimento da obra. “Muitas vezes o figurino chega ao palco e, sozinho, já conta uma série de características. Ele dá percepção poética, histórica, de idade, de gênero, e inúmeras outras pistas. É uma outra camada de entendimento da obra, fundamental para contar essa história e também a de qualquer outro espetáculo”, salienta a designer.

Para ela, conciliar a docência e os figurinos é bem puxado. Por isso limita a quantidade de produções por ano, e tenta integrar alunos aos seus projetos, já que eles contemplam uma área de pesquisa do Design. “Tento juntar tudo, mas é sempre um trabalho bem desafiador em termos de tempo e cansaço”, afirmou.

A Ópera
 

A história retrata Inácio Ramos, um tocador amador de violoncelo, que só compõe e toca em momentos específicos de sua vida, como morte de sua mãe e ocasiões especiais com sua esposa e filho. Até que em certo momento ele conhece os estudantes de direito, e um deles, Barbosa, toca “O Machete”.

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